3 de janeiro de 2016

GUIRLANDA DE PÃO

Da minha infância, só restaram as minhas memórias.
Eu não tenho retratos da minha infância.
Só havia uma pequena foto, em branco e preto, que se perdeu, e eu não sei onde.
Às vezes, parece-me que eu nunca fui criança.
Outras vezes, parece-me que eu nunca deixei de ser. Deste negro buraco negro da minha infância, aparece em meu rosto, de vez em quando, a luz da alegria de uma menina,
e ela ilumina o meu sorriso, com esse ar de travessura, com essa transbordante e inconsequente energia, é essa inquebrantável alegria de viver, que não morre, sem que razão alguma justifique.
É essa a mais irrefutável prova que eu fui uma menina, e que a menina que eu fui, não morreu.
Ainda que eu não tenha nenhum retrato.
Dentre as lembranças da minha infância, o pão é um estrela. Todas as sextas feiras, a minha mãe despejava cinco quilos de farinha de trigo em uma grande bacia, e juntas, nós amassávamos o pão que nos alimentaria pela semana inteira. Eu aprendi a preparar o pão da minha família, quando eu ainda não tinha nem 8 anos e, ao longo da minha vida, essa paixão só cresceu, com a massa do pão da minha mãe. 
Você sabe como eu adoro preparar pães. Eu sou apaixonada pelas origens, pela diversidade, pelos princípios e pelos significados do pão, dentro da história humana. Eu gosto dos sabores e dos perfumes, deste alimento tão nobre e tão antigo. Mas, você também sabe, que a minha paixão é amassar, apertar e esticar essas sedosas e macias massas, que crescem entre os nossos dedos. Rindo, eu torno a lembrar, que eu estou falando das massas dos pães, mas, já que você pensou em outra coisa, eu devo acrescentar que eu considero esse delicioso ritual da preparação dos pães, algo quase sensual. Pronto! Você já pode rir! Bem, a receita de hoje, é italiana. A fonte é o fantástico e bem humorado site Cucchaio d´argento. A receita é extremamente simples, e ela surpreende pelo belo efeito em uma mesa. O sabor é o perfume, não é surpresa, porque os pães sempre encantam nestes quesitos.  Vamos para a cozinha? O show vai começar, e ele promete fortes emoções. ...muitos risos...
Boa noite, para você, que se diverte com a minha versão da gastronomia. Boa noite, para você que dá boas risadas, enquanto nós cozinhamos juntos. Boa noite para você que gosta de pães! 

Ingredientes:
500 g de farinha de trigo
1 envelope de fermento  biológico seco
15 ml de azeite de oliva extra-virgem 
250 ml de água levemente morna
1 colher de café de sal
1 colher de café de açúcar

Modo de fazer: Despeje em uma bacia, a farinha de trigo, o fermento em pó, o açúcar e o azeite de oliva. Eu gosto de misturar bem a farinha com o azeite, formando uma farofinha. Dilua o sal em um quarto da água e reserve. Misture o restante da água à mistura de farinha para incorporar, e, por último, junte a água com o sal.  Misture muito bem, até obter uma massa homogênea. Agora vem a parte mais divertida. Sove a massa por 10 minutos, ou até o ponto de véu, quando você estica a massa bem fininha e ela fica quase transparente, mas não se rompe. Faça uma bola e coloque em uma tigela grande, coberta com filme plástico. Deixe crescer por 1 hora, em local abrigado. Eu uso o forno elétrico desligado. Quando dobrar de volume, abaixe a massa e divida em duas partes, fazendo dois filamentos com com cerca de 4 cm de diâmetro. Corte as extremidades, e una em um anel. Faça cortes simétricos e diagonais, com uma tesoura, conforme a imagem. polvilhe com farinha de trigo, coloque em uma assadeira untada e deixe crescer por mais 30 minutos. Quando estiver crescido, leve ao forno preaquecido a 180 graus C, por cerca de 45 minutos. Retire do forno e deixe esfriar, sobre uma grade. Agora é só servir e encantar.

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