10 de outubro de 2024

NHOQUE DE MORANGA

Eu tenho uma alma cigana,
mil anos de solidão,
sou quase da espécie humana,
tenho asas de falcão...
Às vezes eu sou a santa,
o anjo da procissão,
alguém que fascina e encanta,
a deusa da sedução...
Outras vezes, escondida,
nas pedras de um templo grego,
eu sou a vestal caída,
nas garras de um anjo negro...
Nas catedrais milenares,
nas pedras gastas da rua,
eu exponho nos altares,
minha alma sempre nua.
Eu sou essa criatura,
vivendo uma história sem fim,
eu sei que eu nasci para ele,
e ele nasceu para mim...
Nos profundos labirintos,
onde mora a minha alma secreta,
ele desperta o que eu sinto,
é o amante e também o profeta.
Ao som de tambores lentos,
ouvindo os sons do passado,
parece que os meus pensamentos
e os dele estão misturados...
E assim, ao final de tudo.
ao fim desta rua quieta,
nós somos um sonho mudo,
a invenção de um poeta...

Eu escrevo sem planejar. É como uma nascente, onde as águas
nascem e escorrem sem saber para onde.
Ultimamente a nascente está seca, e a minha mente está em silêncio.
Enquanto isso, eu cozinho.
Eu até acho que a cozinha pode produzir poesia concreta.
O prato de hoje dá continuidade à minha saga da abóbora.
Saímos do ravioli de abóbora com molho de laranja,
passamos pelo clássico camarão na moranga, 
e hoje estamos no nhoque de moranga.
Eu acho que todos os pratos são lindos e todos
são deliciosos de jeitos diferentes.
E aí! Está inspirado a experimentar?
Então arrisque-se! Você pode ter uma experiência deliciosa!

Ingredientes:

Massa


500 g de moranga 
1 batata grande
Farinha de trigo suficiente 

Recheio: 
100 g de queijo gorgonzola 

Molho 1:
2 colheres de manteiga
6 folhas de sálvia

Molho 2
1/2 cebola picadinha
1 dente de alho amassado
2 folhas de sálvia
300 ml de creme de leite.

Modo de fazer: 
Massa:  Asse a abóbora regada de azeite e polvilhada com pimenta do reino a 200º C, por cerca de 40 minutos, até ficar levemente dourada. Embrulhe a batata em papel alumínio e asse junto com a abóbora. Retire a polpa da abóbora e esprema junto com a batata cozida e deixe esfriar. Espalhe a mistura da moranga com a batata e polvilhe com farinha de trigo e dobre. Espalhe a farinha de trigo e dobre novamente. Repita a operação, sem sovar a massa, a até obter uma mistura macia e homogênea. Procure não trabalhar muito a massa, para não ativar o glutem e precisar de mais farinha, obtendo uma massa pesada.


Divida a massa ao meio, e faça um rolo com cerca de 3 cm de diâmetro e corte em pedaços de cerca de 2 cm. Abra a massa, coloque um pequeno pedaço de gorgonzola no centro (você pode usar uma gota de catupiry, mas não fica tão bom), faça uma bolinha, achate um  pouco, use um palito para fazer as reentrâncias que lembram a forma de uma moranga, e use um pedacinho de cabo de salsinha para simular o cabinho da mini moranga.


Prepara o molho 2, colocando 2 colheres de manteiga numa panela e fritando a cebola e o alho até ficar transparente e acrescente as duas folhas de sálvia picadas. Retire a panela do fogo e acrescente o creme de leite. Mexa bem e aqueça até quase ferver, retire do fogo e reserve.
Cozinhe os nhoques, até flutuar na água,  em uma panela com cerca de 3 litros de água fervendo com um colher de sal grosso.
Enquanto isso, coloque a manteiga numa frigideira, e acrescente as seis folhas de sálvia, acrescente água do cozimento para emulsionar. A água deve ser acrescentada aos pouquinhos, para que a manteiga fique com uma aparência cremosa, acrescente os nhoques cozidos e salteie, até envolver bem os nhoques.
Coloque uma boa colher de molho de creme de leite no fundo do prato, arrume os nhoques com os cabinhos para cima, decore com uma folha de sálvia e polvilhe com queijo gorgonzola e sirva quente.
Caso não queira empratar, pode preparar em uma travessa, usando o mesmo método.



9 de outubro de 2024

BAKLAVA


 Não custa experimentar
um pouquinho de ousadia,
um salto livre no ar,
investir sem garantia...
Não custa experimentar,
andar a favor do vento,
ter um tempo para sonhar,
viajar com o pensamento...
Não custa experimentar
o amargo, o doce, o azedo,
comer comida de bar,
ver o sol nascer mais cedo...
Não custa experimentar ....

A baklava é uma sobremesa maravilhosa,
 muito popular nos países do antigo Império Otomano,
 sendo um dos pratos nacionais da Turquia.
 A história da baklava não é bem documentada e, como toda receita deliciosa, a sua criação  é reivindicada por vários grupos étnicos, mas há fortes evidências de que seja de origem turca, e que a sua fórmula mágica tenha sido desenvolvida  nas cozinhas imperiais do Palácio Topkapi. 
Ai, eu adoro essas tretas!
 Ainda assim, as suas origens são debatidas e há várias teorias.
 Alguns acreditam que a baklava teve origem na Mesopotâmia,
 por volta do ano 2.800 antes de Cristo, com rústicas camadas de pão achatado,
com nozes trituradas e mel. 
Outros acreditam que a baklava evoluiu de um bolo da Roma antiga,
 feitos de camadas de queijo, mel e finas folhas de massa. 
Outros sustentam que a primeira forma da baklava veio do império Assírio
, por volta de 800 antes de Cristo.
 São muitas as teorias, algumas  bem arrojadas,
 mas a forma atual da baklava, na forma que conhecemos e amamos,
 é creditada ao Império Otomano, quando era muito apreciada pelos sultões,
 sendo um prato muito popular e apreciado na Turquia.
 Para aumentar a confusão, a Baklava clássica é feita com massa filo,
 mas eu prefiro com massa folhada.
 Será que eu vou abrir divergência e eu vou entrar para a história da baklava. ...muitos risos...
Para tirar a prova dos nove, vamos para a cozinha.
 Eu vou colocar também a receita com massa filo.
Aí você decide!

Ingredientes:

Massa 
320g de massa folhada
100 g de manteiga derretida

Recheio
120g de amêndoas descascadas
170g de pistache sem casca
170g de nozes sem casca
Uma colher de chá de canela em pó

Calda: 
170g de açúcar
 220ml de água
 220g de mel
Pistaches picados para decorar

Modo de fazer: 
Recheio: Misture as amêndoas, as nozes, os pistaches e bata no processador, despeje em uma tigela, misture com a canela e reserve.

Calda:
Derreta o açúcar, o mel e a água. A calda estará pronta quando estiver dourada e espessa.
Ainda quente, despeje sobre a superfície do baklava e complete polvilhando com pistache picado.
Antes de servir, deixe esfriar em temperatura ambiente.

Montagem:
Pincele o fundo da assadeira com manteiga derretida e forre com papel manteiga.
Comece por sobrepor duas camadas de massa folhada pinceladas com manteiga derretida.
Depois, na terceira, pincele novamente e acrescente uma camada bem distribuída do recheio.
Cubra com mais uma camada de massa e outra de recheio. Termine com uma camada de massa folhada. alternando duas camadas lisas e uma com o recheio, terminando com uma folha de massa folhada.
Assim que a forma estiver pronta, corte diagonalmente com uma faca formando os clássicos formatos de diamante. Asse a 160°C por 45 minutos, até dourar.

Calda:
Derreta o açúcar, o mel e a água. A calda estará pronta quando estiver dourada e espessa.
Ainda quente, despeje sobre a superfície do baklava e complete polvilhando com pistache picado.
Antes de servir, deixe esfriar em temperatura ambiente.

Nota: A receita com massa filo é diferente apenas na montagem. A massa filo é mais seca e fina, por isso deve ser manipulada com cuidado. Degele conforme instrução, forre a assadeira com papel manteiga pincelado com manteiga. Forre com uma folha de massa filo e pincele com manteiga, repetindo a operação 4 vezes, cubra com uma camada das frutas secas processadas, repita a operação com 4 folhas de massa filo sempre pinceladas com manteiga, coloque outra camada de recheio e cubra com mais 4 folhas de massa filo, sempre pincelando com manteiga. Corte em losango, torne a pincelar com manteiga.

5 de outubro de 2024

CAMARÃO NA MORANGA COM HISTÓRIA



Eu renasço em cada manhã,
eu me colo, pedaço a pedaço,
eu misturo a serpente e a maçã,
e derreto ao calor de um abraço.
Sou humana, com alma difusa,
coquetel de bicho e de gente.
uma espécie de fera confusa,
misturada com a mulher contente.
Eu sou um começo e um fim,
um resumo do meu desencanto,
sou somente o eterno motim,
um retrato do amor e do espanto

Eu gosto de comida boa.
 Eu gosto de inventar, desafiar o paladar com novas harmonias,
 mas eu adoro comida boa, tradicional e com uma boa história.
 O prato de hoje tem a cara do Brasil!
O camarão na moranga é um prato típico da culinária litorânea brasileira,
 que surgiu na cidade de Ubatuba, no litoral de São Paulo,
 entre o final dos anos 1940 e início da década de 1950.
A história provável e muito instigante, é que presos japoneses
da Ilha Anchieta, um presídio que funcionou até 1955,
convenceram a direção do presídio, a permitir o plantio de morangas.
uma variedade de abóbora.
Os presos acreditavam que as sementes da moranga tinham propriedades terapêuticas e podiam combater as doenças que se alastravam entre eles.
Uma das morangas caiu no mar enquanto era levada para o continente.
Uma cozinheira da praia encontrou a moranga
 e percebeu que ela estava cheia de camarões,
 que entraram no legume por meio de um furo no lugar do talo.
A cozinheira retirou as sementes,
 recheou com os camarões limpos, 
  cheiro-verde, folha de coentro, tomate, alho e cebola, e assou a moranga.
Ao longo do tempo o prato foi aprimorado,
até cair em minhas mãos e virar essa maravilha abaixo. ...muitos risos...
Sorria! Vamos para a cozinha, porque é lá que a magia acontece!


Ingredientes
1 abóbora moranga grande
Azeite a gosto
3 dentes de alho
1/2 cebola

Recheio
1 kg de camarão fresco médio
1 limão
Pimenta-do-reino a gosto
Sal a gosto
2 tomates
1 coentro
1 lata de creme de leite (eu escorro para não ficar muito aguado)
3 colheres (sopa) de requeijão cremoso
1 colher (sopa) de farinha de trigo (se necessário)



Modo de fazer: Abra a abóbora, tirando uma  um tampa, cortando ao redor do cabinho. Corte um círculo suficinte para  e retirar as sementes, para que a abóbora não "desabe", depois de cozida (reserve as sementes para usar em outro preparo).
Junte e dentes de alho espremido faça uma pastinha amassando o sal, a pimenta-do-reino a gosto, meia cebola fatiada e um fio de azeite. Se você quiser pular esse preciosismo, bata tudo no processador. Coloque a pasta dentro da moranga, esfregando bem em seu interior para temperá-la. Tampe a abóbora, embrulhe com papel-alumínio e leve ao forno preaquecido a 200 graus C,  por mais ou menos uma hora, até que esteja cozida.


Recheio: Tempere o camarão com o suco de um limão, sal e pimenta-do-reino a gosto.
Refogue, em bastante azeite, três dentes de alho e uma cebola picados. Quando estiverem dourados, acrescente o camarão. 
Salteie o camarão por poucos minutos e verifique o cozimento pela cor: quando estiverem rosados, já estarão cozidos e, então, acrescente dois tomates e salsinha (ou coentro) bem picados. Refogue tudo até que os tomates pareçam cozidos e coloque o creme de leite e o requeijão (Eu prefiro retirar os camarões, continuar o preparo do molho e devolver os camarões ao final, para evitar que desidratem). Misture bem e acerte o sal. Se achar necessário, engrosse com farinha de trigo dissolvida na água.




Tire a moranga do forno e retire toda a água de dentro dela. Em seguida, coloque um pouco do recheio, mexendo com uma colher por dentro da abóbora para que ela se misture ao camarão.
Preencha com o restante e leve ao forno para gratinar por cerca de cinco minutos.
Sirva quente.