Eu tenho uma alma cigana,
mil anos de solidão,
sou quase da espécie humana,
tenho asas de falcão...
Às vezes eu sou a santa,
o anjo da procissão,
alguém que fascina e encanta,
a deusa da sedução...
Outras vezes, escondida,
nas pedras de um templo grego,
eu sou a vestal caída,
nas garras de um anjo negro...
Nas catedrais milenares,
nas pedras gastas da rua,
eu exponho nos altares,
minha alma sempre nua.
Eu sou essa criatura,
vivendo uma história sem fim,
eu sei que eu nasci para ele,
e ele nasceu para mim...
Nos profundos labirintos,
onde mora a minha alma secreta,
ele desperta o que eu sinto,
é o amante e também o profeta.
Ao som de tambores lentos,
ouvindo os sons do passado,
parece que os meus pensamentos
e os dele estão misturados...
E assim, ao final de tudo.
ao fim desta rua quieta,
nós somos um sonho mudo,
a invenção de um poeta...
Eu escrevo sem planejar. É como uma nascente, onde as águas
nascem e escorrem sem saber para onde.
Ultimamente a nascente está seca, e a minha mente está em silêncio.
Enquanto isso, eu cozinho.
Eu até acho que a cozinha pode produzir poesia concreta.
O prato de hoje dá continuidade à minha saga da abóbora.
Saímos do ravioli de abóbora com molho de laranja,
passamos pelo clássico camarão na moranga,
e hoje estamos no nhoque de moranga.
Eu acho que todos os pratos são lindos e todos
são deliciosos de jeitos diferentes.
E aí! Está inspirado a experimentar?
Então arrisque-se! Você pode ter uma experiência deliciosa!
Ingredientes:
Massa
500 g de moranga
1 batata grande
Farinha de trigo suficiente
Recheio:
100 g de queijo gorgonzola
Molho 1:
2 colheres de manteiga
6 folhas de sálvia
Molho 2
1/2 cebola picadinha
1 dente de alho amassado
2 folhas de sálvia
300 ml de creme de leite.
Modo de fazer:
Massa: Asse a abóbora regada de azeite e polvilhada com pimenta do reino a 200º C, por cerca de 40 minutos, até ficar levemente dourada. Embrulhe a batata em papel alumínio e asse junto com a abóbora. Retire a polpa da abóbora e esprema junto com a batata cozida e deixe esfriar. Espalhe a mistura da moranga com a batata e polvilhe com farinha de trigo e dobre. Espalhe a farinha de trigo e dobre novamente. Repita a operação, sem sovar a massa, a até obter uma mistura macia e homogênea. Procure não trabalhar muito a massa, para não ativar o glutem e precisar de mais farinha, obtendo uma massa pesada.
Divida a massa ao meio, e faça um rolo com cerca de 3 cm de diâmetro e corte em pedaços de cerca de 2 cm. Abra a massa, coloque um pequeno pedaço de gorgonzola no centro (você pode usar uma gota de catupiry, mas não fica tão bom), faça uma bolinha, achate um pouco, use um palito para fazer as reentrâncias que lembram a forma de uma moranga, e use um pedacinho de cabo de salsinha para simular o cabinho da mini moranga.
Cozinhe os nhoques, até flutuar na água, em uma panela com cerca de 3 litros de água fervendo com um colher de sal grosso.
Enquanto isso, coloque a manteiga numa frigideira, e acrescente as seis folhas de sálvia, acrescente água do cozimento para emulsionar. A água deve ser acrescentada aos pouquinhos, para que a manteiga fique com uma aparência cremosa, acrescente os nhoques cozidos e salteie, até envolver bem os nhoques.
Coloque uma boa colher de molho de creme de leite no fundo do prato, arrume os nhoques com os cabinhos para cima, decore com uma folha de sálvia e polvilhe com queijo gorgonzola e sirva quente.
Caso não queira empratar, pode preparar em uma travessa, usando o mesmo método.