silêncio e tristeza rondando a floresta,
meu corpo cansado arrepia de frio,
a noite consome a luz que me resta.
Há medo e mistério no escuro da noite,
sons desconhecidos parecem gemidos,
os gritos das aves são como um açoite,
e o rio vai levando os meus sonhos perdidos.
A vida é assim, uma exploração,
uma expedição que atravessa a floresta,
é luta entre o sonho e as pedras do chão,
e a dança do medo, no meio da festa.
As águas tranquilas murmuram na areia,
o rio, como espelho, refletindo a lua,
eu sou, nesse instante, uma ninfa ou sereia,
a deusa das matas, caminhando nua...
Sim, a vida é uma expedição exploratória, na qual cada um
escolhe
os territórios que pretende explorar. Eu amo as
florestas, onde o meu
olhar de bióloga explora a natureza, o meu olhar
de poeta explora
os mistérios, a beleza e a solidão da paisagem, mas o meu
olhar de
cozinheira explora a oferta de alimento. Peixes,
aves, frutas...
Esse imenso arsenal disponível me leva à exploração
dos sabores.
Quando nós comemos, nós usamos todos os nossos sentidos.
Comida é mais que alimento, é uma espécie de magia,
que a gente morde com os dentes, e a alma sente alegria.
Rindo, eu acredito que você está esperando uma comida
florestal, mas como esta é uma viagem exploratória, hoje
o prato é um simples e delicioso prato de bacalhau, da
gastronomia
portuguesa. Eles chamam esse prato de patanisca, mas eu
resolvi
dar o nome de isca, melhor entendido pelos brasileiros.
Poderia
ser chamado de bolinho, mas seria confundido com o clássico
bolinho
de bacalhau, feito com massa de batata. Ainda rindo, eu
prometo: na
próxima postagem, eu publicarei uma receita da região Amazônica,
que
eu tanto amo. Chega de conversa! Mão a obra! Vamos para a
cozinha!
Depois nós poderemos degustar os bolinhos, com uma caneca de
cerveja.
200 g de bacalhau dessalgado, limpo e ligeiramente desfiado
1 cebola picada
2 dentes de alho
Salsa a gosto
4 colheres de sopa bem cheias de farinha de trigo sem
fermento
3 ovos
1 cerveja
Sal
Pimenta preta
Modo de fazer: Cozinhe ligeiramente o bacalhau e
desfie,
e adicione a cebola e alho picados,
a salsa, os ovos, e mexa bem.
Juntar a farinha, aos poucos
alternando com a cerveja, até adquirir
a consistência desejada.
Se prefere a massa mais densa, use menos cerveja;
se prefere, como eu, as iscas mais finas,
use a massa mais líquida. colocando mais cerveja.
Tempere com sal e pimenta a gosto,
e frite, em óleo quente, até dourar levemente.
Retire do fogo, escorra em papel toalha
e sirva quente, com uma gelada e saborosa
caneca de cerveja.